Dia Nacional do cientista 2020

Os cientistas adoram fazer perguntas…
Para comemorar o Dia Nacional do Cientista, decidimos trocar-lhes as voltas e pedimos-lhe para responderem a algumas perguntas reveladoras!

(Available in English)

O que nem todos sabem sobre os cientistas é que…

“…nem todos os cientistas trabalham num laboratório. Muitos trabalham essencialmente no computador, enquanto outros fazem trabalho de campo a maior parte do tempo.” – Cristina Afonso.

Cristina Afonso

Postdoc.
Neurobiology of Action Lab.

“…eles podem estar com uma bata igual, mas a trabalhar numa clínica, a tratar dos doentes que vão participar em ensaios clínicos e transacionais, e que vão inspirar novas questões para o futuro.” – Albino Oliveira-Maia.

“…os cientistas são pessoas criativas e que muitos têm talentos escondidos e são grandes artistas e cozinheiros extraordinários.” – Adriana Sánchez Danés.

“… os cientistas podem cantar ou dançar só pelo prazer de fazer uma experiência ou pelo entusiasmo de uma nova descoberta… Talvez as pessoas não saibam que trabalhamos muitas horas no laboratório, mas também nos divertimos muito!” – Rita Fior.

“… passamos muito tempo em frente ao computador a escrever propostas e candidaturas para conseguir financiamento para as experiências que estamos a desenvolver.” – Daniel Münch.

Daniel Münch

Postdoc.
Behaviour & Metabolism Lab

“…os cientistas trabalham muitas horas seguidas, cheias de gargalhadas e momentos divertidos.” – Marko Šestan.

“…a maior parte do trabalho científico é feito a pensar em problemas, a analisar dados, a ler e a escrever.” – Dennis Goldschmidt.

“…a pessoa de bata no laboratório, tal como muitos outros cientistas sem batas, são os Sherlock Holmes da Natureza, a pensar constantentemente sobre como compreender cada pedacinho da realidade.” – Gonzalo de Polavieja.

A ciência e os cientistas estão mais do que nunca nas luzes da ribalta. Na minha opinião, isto…

“…é uma grande oportunidade para a sociedade integrar o conhecimento científico nos processos de tomada de decisão.” – Albino Oliveira-Maia.

“…é um exemplo prático da importância que, quer a ciência, quer os cientistas, têm no bem-estar da sociedade, algo que na maioria das vezes ou é dado como garantido ou não é muito perceptível.” – Cristina Afonso.

“… as pessoas têm consciência da importância do nosso trabalho no geral – mas sobretudo nesta situação de pandemia, é muito bom. Espero que neste momento a importância das vacinas se torne evidente para as pessoas e para a sociedade – as vacinas salvam milhões de vidas! E espero que os pais que não vacinam os filhos e colocam em risco as crianças e a sociedade, parem com isso de uma vez por todas.” – Rita Fior.

“…faz todo o sentido. Nós dependemos de forma crítica da ciência para resolver alguns problemas sociais, portanto, faz todo o sentido que toda a ciência seja vista com um olhar crítico.” – Gonzalo de Polavieja.

” …é maravilhoso! É muito gratificante para os cientistas promover a consciencialização pública, promover uma cultura científica forte e disseminar os esforços para melhorar a saúde humana. Neste momento da pandemia COVID-19, é fundamental que as pessoas tenham acesso a informação fidedigna e tenham consciência de como o comportamento de cada um de nós pode contribuir para prevenir a transmissão do SARS-Cov-2. – Cristina Godinho da Silva.

“…acontece porque estamos a enfrentar novos e complexos problemas globais, e a sociedade procura na ciência uma solução para estes desafios. Desafios esses que incluem pandemias, aquecimento global, alterações climáticas ou cancro, entre outros. Se queremos enfrentar todos estes desafios, isso significa investir em ciência e tecnologia, investir em investigação.” – Adriana Sánchez Danés.

“…devia ser sempre assim, porque nós estamos sempre a trabalhar para o benefício do mundo.” – Marko Šestan.

Marko Šestan

Postdoc.
Immunophysiology Lab

“…importante, mas também desafiante. Não podemos esquecer que os cientistas são humanos com as mesmas imperfeições e ambições que as outras pessoas. E a comunidade científica, como sistema, é tão competitiva como outras áreas. Tanta visibilidade pode fazer com que a competição entre cientistas seja maior, o que pode levar a resultados apressados e imperfeitos. No entanto, é importante que a ciência e os cientistas sejam mais mediáticos, porque pode mudar a forma como as pessoas vêem o trabalho científico, de forma a terem uma ideia mais próxima da realidade.” – Dennis Goldschmidt.

Uma “competência dos cientistas” de que todos beneficiaríamos é …

“… questionar tudo, colocar questões e ter um espírito crítico, incluindo as suas próprias opiniões.” – Dennis Goldschmidt.

“…literacia de dados. Ser capaz não só de analisar quais são as fontes de dados fidedignas, mas também ter a consciência das limitações que acompanham a forma como são comunicadas, é simultaneamente uma das competências mais difíceis e úteis para uma pessoa pode aperfeiçoar.” – Filipe Rodrigues.

“…paciência, resiliência e capacidade para ultrapassar os fracassos, porque estas competências não são apenas essenciais para ter sucesso na ciência, mas também para o desenvolvimento pessoal.”  – Adriana Sánchez Danés.

Adriana Sánchez Danés

Principal Investigator.
Cancer and Stem Cell Biology Lab

“… pensamento crítico, porque ter uma mente aberta para questionar e lidar com qualquer situação que enfrentamos na vida profissional ou pessoal vai encaminhar-nos para a melhor conclusão/acção e esse é o caminho para inovar e progredir individual e coletivamente.” – Cristina Godinho da Silva.

Cristina Godinho da Silva

Postdoc.
Immunophysiology Lab.

“… curiosidade. Porque a curiosidade permite descobrir coisas novas todos os dias e apreciar e reconhecer o quão fantástico é o mundo à nossa volta. E mais importante ainda, mantém a mente aberta, algo que é especialmente importante em momentos como o que vivemos.” – Daniel Münch.

“…resiliência. Porque o caminho para o conhecimento é  muito frustrante, cheio de obstáculos e becos sem saída.” – Cristina Afonso.

“… resolução de problemas no geral, mas especialmente de uma forma profunda que nos permite mostrar quando estamos errados.” – Gonzalo de Polavieja.

O melhor e o pior de ser cientista é…

“… ser uma espécie de homem dos sete instrumentos, o que me leva ao que menos gosto, que é não tocar nenhum particularmente bem. É um privilégio ser confrontado com tanta diversidade nos desafios do dia a dia, e ter a oportunidade de aprender mais sobre uma grande variedade de assuntos. Mas por outro lado, uma pessoa que tem de lidar com uma variedade tão grande de problemas pode não ser eficaz, o que às vezes pode ser frustrante.” – Filipe Rodrigues.

Filipe Rodrigues

PhD Student.
Learning Lab.

“… a melhor parte para mim é ter a oportunidade de pensar fora da caixa e ter a flexibilidade de poder escolher onde e quando trabalhar. … a pior parte é lidar com a ansiedade e a pressão de um futuro incerto e sem estabilidade financeira. ” – Dennis Goldschmidt.

“…a melhor parte para mim é ter a oportunidade de aprender uma coisa nova todos os dias. … a pior parte é a a incerteza que acompanha a profissão. Até teres uma posição sénior, como por exemplo Professor, todas as posições são temporárias. Normalmente quando tens uma função nova, tens de pensar imediatamente no que vais fazer a seguir.” – Daniel Münch.

“… a melhor parte para mim é aquele momento em que os dados que estás a analisar revelam algo desconhecido ou nunca antes observado… a pior parte é de trazer sempre trabalho para casa.” – Cristina Afonso.

“… a melhor parte para mim é a oportunidade de pensar sobre o mundo de uma forma original. … a pior parte é quando se torna difícil explicar o meu trabalho à minha família e amigos.” – Albino Oliveira-Maia.

Albino Oliveira-Maia

Director of the Neuropsychiatry Unit.
Champalimaud Centre for the Unknown.

“… a melhor parte para mim é descobrir o desconhecido, o que ninguém explorou até hoje. Essa sensação não tem preço. … a pior parte é que não gosto que muitas das vezes as nossas hipóteses estejam completamente erradas e de ainda mais frequentemente não sabermos como prosseguir com os nossos projetos.” – Marko Šestan.

“… a melhor parte para mim é a busca constante para revelar o desconhecido e o entusiasmo que se sente quando conseguimos, pela primeira vez, dar resposta a uma pergunta que nunca ninguém tinha respondido. Descobrir algo novo é fascinante… a pior parte é a instabilidade profissional.” – Cristina Godinho da Silva.

“… a melhor parte para mim é a possibilidade de pensar em problemas interessantes e de observar o que outros pensadores conseguiram perceber… a pior? não sei…” – Gonzalo de Polavieja.

Durante o confinamento trabalhei de casa e dediquei-me a…

analisar toneladas de dados que tive a sorte de produzir antes do confinamento, a escrever, a planear as próximas experiências, a dar aulas às minhas filhas e a fazer pão com massa mãe.” – Daniel Münch.

“… aprender o que é essencial para mim, como adoro trabalhar sem ruído psicológico e como, se não me controlar, posso ficar muito facilmente obcecada por pormenores estranhos (quem diria que as manchas de pó nas janelas me iriam incomodar tanto 🙂 )”. – Cristina Afonso.

“…continuei a pensar em ciência como antes, mas aproveitei um pouco mais o tempo para pensar em novos e desafiantes problemas e dediquei algum tempo a ajudar outros cientistas na investigação relacionada com a COVID-19. Também passei parte do meu tempo a ajudar os meus filhos.” – Gonzalo de Polavieja.

Gonzalo de Polavieja

Principal Investigator.
Collective Behaviour Lab

“…mantive muitas responsabilidades como clínico no Centro Champalimaud, mas a necessidade de muitos dos membros da equipa trabalharem a partir de casa foi uma grande oportunidade para repensar como o trabalho de equipa pode ser organizado à distância.” – Albino Oliveira-Maia.

“… escrever um projecto, a analisar experiências, a ler os artigos de investigação mais recentes, a assistir a conferências científicas no zoom e a planear as próximas experiências.” – Cristina Godinho da Silva.

“……manter uma vida saudável, a analisar montanhas de dados, a pensar em problemas, a aprender coisas novas todos os dias.” – Dennis Goldschmidt.

Dennis Goldschmidt

PhD Student.
Behaviour & Metabolism Lab


CCU Communication Team

Ilustração & Motion Graphics
Diogo Matias
Tiago Coelho

Tradução
Maria João Lourenço

Edição
Catarina Ramos
Liad Hollender
Maria João Lourenço


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